quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Matéria no FAMECOS online

Bienal B leva arte às ruas
quarta-feira, outubro 21, 2009
By brunascirea

link: http://trasel.com.br/online1/?p=293

Os espaços não são mais os cubos brancos que definem as galerias de arte. A cena contemporânea, que surge como reflexo dos anos de Internet, publicidade e falta de tempo, dialogam com o ambiente que, mesmo não preparado, acolhe as expressões artísticas. Ruas, bares, ateliês e shoppings são, agora, paradas de observação. A Bienal B, que ocorre em Porto Alegre entre setembro e novembro de 2009, tem uma proposta diferente: fazer com que a arte vá até o lugar onde as pessoas estejam.
Com o objetivo de ampliar e conceder locais para mais reflexões, o evento se coloca como uma manifestação cultural independente e paralela à Bienal do Mercosul. “Na primeira edição, em 2007, houve uma superadesão espontânea de artistas. Foi na época que a Bienal do Mercosul não contou com a participação de gaúchos, o que nos caiu muito bem, porque viemos para somar à esse mercado e ambiente artístico, analisa Isabel de Castro, curadora geral da 2ª Bienal B. Ouça abaixo uma entrevista com Isabel de Castro.

Entrevista - Isabel De Castro - Bienal B 2009 by Brunascirea on Mixcloud

As mostras da Bienal B mostram um relato do cotidiano: grafitti, adesivos e intervenções. “Nós viemos para discutir a questão da falta de tempo”, afirma Cláu Paranhos que, juntamente com Beto Chedid, forma o coletivo Cow Bees. A mostra “Vendo meu Tempo” comercializa o tempo à prazo, em prestações e em forma de permuta: a vida como uma obra de arte. As horas da dupla são anunciadas nos classificados de jornais e também no blog, por onde recebem propostas e retornam orçamentos. Para o coletivo, o tempo é o artigo de luxo da contemporaneidade.

Segundo a coordenadora de marketing da Bienal B, Gaby Benedyct, a Bienal do Mercosul tem a tendência de mostrar trabalhos cuja apreciação envolve uma dinâmica mais degustativa, requerendo, muitas vezes, disponibilidade de tempo e experiência. “A Bienal B é diferente. Os trabalhos elaborados convivem harmonicamente com iniciantes. Não há editais ou críticas tendenciosas. A curadoria é o próprio olhar do observador e seu grau pessoal de interesse, conhecimento de arte e sensibilidade. De certa forma, estes conceitos de diversidade e disponibilidade para o espectador foram usados na construção dos parâmetros da Bienal B, pois são significativos para gerar pontes entre a arte e o interesse sensível do público”, complementa Gaby.

O espaço artístico gaúcho se estende. A capital ganha notoriedade quando a questão é cultura: em ruas que abrigam artes reconhecidas, há também lugar para as diversidades e novidades plásticas. “Quando eu estudei arte no final dos anos 70, havia muitas galerias em Porto Alegre. A gente sabia onde colocar nosso trabalho. Hoje não tem mais isso. Por ano, só na capital, se formam mais de 60 artistas. Cadê eles?, questiona Isabel. A Bienal B responde. Mais de duzentos artistas ganharam espaços novos. Uma exposição que, em mais de trinta lugares, mistura conceitos urbanos, acadêmicos e visões diferenciadas.
Visualizar Rota Bienal B em um mapa.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Psicanalista faz elogio do ócio

JORNAL ZERO HORA
27 de outubro de 2009 | N° 16137

VELOCIDADE DA VIDA

Psicanalista faz elogio do ócio

No Fronteiras do Pensamento, Maria Rita Kehl propõe uso do tempo para atacar depressão

Maria Rita Kehl voou do aeroporto para uma entrevista coletiva, passou rapidamente na bienal e, dali, foi à conferência que proferiu ontem como parte do ciclo de altos estudos Fronteiras Braskem do Pensamento. Sem desacelerar, a psicanalista e escritora discursou, no Salão de Atos da UFRGS, sobre a velocidade do mundo contemporâneo, considerada por ela uma das causas do aumento de casos de depressão verificado atualmente.

– A época em que vivemos é claramente antidepressiva: temos mais liberdade, opções de entretenimento e estímulos ao que, em psicanálise, costumamos chamar de gozo. É justamente pelas dificuldades de lidar com tudo isso que a época em que vivemos, paradoxalmente, também pode ser considerada claramente depressiva – disse.

Autora do recente O Tempo e o Cão: A Atualidade das Depressões (Boitempo Editorial), Maria Rita acredita que os prazeres fugazes, por serem mais efêmeros e, consequentemente, mais rasos, produzem ao mesmo tempo satisfação e insatisfação – inclusive, e sobretudo, nos jovens.

– A adolescência e a juventude, de uma forma geral, já são, por princípio, nossas fases mais críticas. A incapacidade de responder aos estímulos, aliada à cobrança por um certo alinhamento com determinados padrões culturais e até mesmo estéticos, acaba se potencializando nesse caso. Os meninos e as meninas querem o prazer, mas são inseguros, têm os seus temores. Quando não acompanham o restante da turma, mesmo em se tratando de algo insignificante, já se pode dizer que estão estabelecidos motivos para um mal-estar. Não é à toa que a prática de bullying é muito frequente hoje em dia – analisa a especialista.

Tradicional simpatizante de movimentos sociais como o MST, ela também fez uma interessante relação da depressão como a face mais evidente desse mal-estar contemporâneo e, também, como termo usado pelos especialistas em economia.

– Ambas as situações têm a ver com a desaceleração, do crescimento econômico-financeiro no segundo caso e de uma inadequação à velocidade do mundo atual no primeiro. Esse paralelo não está posto por acaso – explicou.

Seria essa desaceleração, acrescentou, um caminho possível para combater o mal-estar – até mesmo quando ele não se manifesta em forma de uma depressão diagnosticada como tal, e sim como uma tristeza passageira, corriqueira.

– É importante recuperar o valor do tempo. É algo de que precisamos com a maior urgência hoje: tempo.

daniel.feix@zerohora.com.br

DANIEL FEIX
Cifras Graves
- Dados da Organização Mundial da Saúde indicam que a depressão, no início dos anos 2000, acometia 6% da população mundial.
- Até 2020, a depressão deverá ser a segunda maior causa de mortandade no mundo, atrás apenas das doenças cardíacas, aponta a OMS.

espera

Ainda na área médica...

O que é surpreendente, porque não nos relacionamos tanto assim com médicos...

Pois bem, estamos tendo um retorno muito interessante da parte de um amigo médico que tem vivido reflexões constantes a partir do que este trabalho propõe.

Contou-nos ele, ontem, que conversava com uma colega sobre a questão de certas burocracias da área médica fazerem com que eles fossem obrigados a aguardar, às vezes por até duas horas, sem necessidade, para que essas burocracias se resolvessem.

...E ela comentara sobre o quanto essas duas horas custariam caso ela estivesse trabalhando, atendendo em seu consultório... O valor do seu tempo. Ele comentou da existência do VENDO MEU TEMPO e a conversa seguiu. Pura filosofia. Arte. Pensamento.

O tempo da espera. A espera a que o outro te expõe. Te rouba o tempo. Uma parte da vida. Teu mais precioso bem.

...

As propostas têm acontecido mais do que as ações.
E isso constrói o trabalho, que é, de fato, algo vivo, imprevisível e independente das nossas vontades.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

10ª TEMPO ARTIGO (16/10/2009)

9ª proposta TEMPO CAFÉ COM BOLO (16/10/2009)

8ª proposta TEMPO TATTOO (16/10/2009)

7ª proposta TEMPO DE UM CAPPUCCINO (15/10/2009)

A sétima proposta surgiu e aconteceu praticamente no mesmo momento,
com pouca negociação.
Tempo curto e barato.
Uma pechincha.

Tudo começou com a idéia de tomar um café, no meio de uma tarde nublada em que realizávamos a ação artística AMA, da Faculdade de Educação da UFRGS, na tarde de quinta-feira, 15/10/2009 (comentarei noutro post).

Dei-me conta de que não tinha um "tostão" sequer na carteira:
ou porque o Beto (namoradoartistacolegamigo) havia pego meus trocados para o seu ônibus,
ou eu havia mesmo gasto tudo e não reposto (essa situação acontece muito, não ir ao banco e ficar sem dinheiro... Ou não tê-lo nem mesmo no banco, o que é ainda pior!).

Uma amigartistacolega propôs, então:

O TEMPO DE DURAÇÃO DE UMA TAÇA DE CAPPUCCINO
PELO VALOR DESTE CAPPUCCINO,

eternizado, num momento/ação/obra de arte.

A obra de arte impulsionada por uma situação adversa.

...

Minutos de vida negociados por uma necessidade básica.
Não é o que fazemos, o tempo todo?

...

O tempo de um cappuccino com amigas é bastante relativo,
mas eu nunca havia calculado exatamente, a partir do primeiro ao último gole.
Éramos quatro, na mesa da lancheria da UFRGS (Campus Central).

Começo: 15h32min
Uma taça média,
aroma adocicado de chocolate com café e canela...
Espesso e espumoso...
Muito doce, não o suficiente para ser enjoativo.
Quente, remetendo imediatamente a uma sensação de aconchego.

Três pediram capuccino (uma, com chantilly).
Uma pediu um café expresso.
Fato importante porque direcionou parte da nossa conversa.
A razão pela qual foi pedido um expresso e não um capuccino: nossa colega é alérgica à lactose.

Tic, tac.
Intolerância à lactose.
Reeducação alimentar.
Quantidade certa de comida para alimentar o corpo e não somente para saciar o emocional.
EQUILÍBRIO.

Fim: 15h42min.

...
Enquanto escrevo e reflito, penso no quanto efêmero e "esquecível" teria sido este momento, como tantos outros, caso não tivesse sido eternizado nestas palavras, bem como nas fotografias que tiramos (e que publicarei aqui, assim que obtê-las).
Qual a necessidade de "ver" o tempo, tomar consciência dele...?
...
O tempo aprisionado e revivido.
A vida mais intensamente vivida.
Torna-a mais longa?
Mais sentida?
Mais perceptível?

Por Cláu

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Tempo pode se referir a:

Tempo - a medição de intervalos ou períodos de duração;
Tempo - em música, a relação de distância entre os acontecimentos dos sons musicais;
Tempo - em lingüística, a distinção do tempo nas línguas naturais;
Tempo - uma designação comum para o conjunto de fenômenos climáticos em uma determinada região e em um determinado período;
Tempo - uma personagem de histórias em quadrinhos da Marvel Comics.
Tempo - divindade da mitologia bantu.
Tempo - termo para tempo seqüencial dos gregos antigos, que pode ser medido, o "tempo dos homens".
Tempo - palavra que designa "o momento certo" ou "oportuno" dos gregos antigos, tempo que não pode ser medido, somente vivido; em teologia, o "tempo de Deus".

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

SEXTA PROPOSTA EM NEGOCIAÇÃO POR E-MAIL

...Aproximadamente três horas durante uma noite qualquer, com uma senhora ainda desconhecida.
...Com jantar.
...E viagem na internet.

VENDO MEU TEMPO, HOJE, NO JORNAL DO ALMOÇO

...Aquela gravação de uns dias atrás, que nos levou uma manhã inteira das nossas vidas... Estará hoje no Jornal do Almoço, na RBS TV, ao meio dia.
Confiram!

sábado, 10 de outubro de 2009

terça-feira, 6 de outubro de 2009

chronos e kairos

Os gregos, na antigüidade, tinham duas palavras para o tempo: chronos e kairos.
Chronos refere-se ao tempo cronológico (ou seqüencial) que pode ser medido.
Kairos significa "o momento certo" ou "oportuno": um momento indeterminado no tempo em que algo especial acontece.
Em teologia descreve a forma qualitativa do tempo (o "tempo de Deus"), enquanto chronos é de natureza quantitativa (o "tempo dos homens").

Quinta proposta: UM TEMPO PARA NÃO FAZER NADA

...Nossa última proposta recebida foi de alguém (identidade secreta, por enquanto) que quer comprar nosso tempo para não fazermos nada, coletivamente.

...Tempo de não fazer nada.
...Quanto vale?

Proponente:

"Se o tempo é o artigo de luxo da contemporaneidade, um tempo para não fazer nada é um luxo extravagante - como valorizar o não fazer numa sociedade que super valoriza o fazer? ... "
e pode revelar minha identidade secreta - simonella...(rs)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

TRABALHO versus PRAZER


E, quando, por puro hedonismo, se deixa de vender o seu precioso tempo para desfrutar dele, da maneira que bem entender?
Por prazer.
Sem limites.
Sem lucro financeiro... Algum prejuízo, ainda que pouco.

Justificando a característica principal da sociedade pós-moderna, que é dita sociedade hedonista...

Não seria a reflexão mais profunda do que realmente se valoriza?

Essa semana, recusei vender meu tempo (seria a realização da segunda venda, muito importante para mim e para este trabalho), para vivenciá-lo.

Achei importante relatar aqui.
Não me arrependi.

Cláu
(foto: Cláu)

A QUARTA PROPOSTA


Em negociação, a quarta proposta.
Planejar a pintura desta parede.
Pensar.
Conversar.
Escolher cor.
Escolher materiais.
Pintar.
Quantas horas?
A que preço?

relato da primeira ação/(não)venda: TEMPO ANIVERSÁRIO 26/09/2009




Rua. Asfalto. Estrada.




Dentro da cidade, mas suficientemente afastado da nossa cidade. (Poluída, agitada, barulhenta.)
Uma hora de percurso.
Carro lotado, Rê gripada.













Céu azul, sol.





Calor.
Parada para comprar bebidas e um presente surpresa.
Chegada ao local. (Por volta de uma da tarde? Esquecemos de anotar.)
Casa no campo.
Primeira impressão.
Aconchegante, poderia estar dentro de um sonho.
Amarela, como a da Arca de Noé.
A aniversariante, feliz.
Amiga querida. (Como cobrar o tempo passado com ela? Como avaliar, valorizar, o tempo passado ao lado dos amigos?)
Rê, Marcelo, Val, Dani. A nossa sociedade maluca e indestrutível, privada e secreta , eterna, criança, como somente nós podemos compreender.
Outros amigos, já conhecidos ou não, mas tão nossos amigos naquele instante.
Música, violões, chocalhos, sons de todas as formas...
Bebida, comida, corpo e alma alimentados...
Uma tarde que poderia durar dias...
Um cair da tarde no meio das árvores, sentados, deitados na grama, rindo, filosofando, celebrando a vida...
Uns, preparando a lenha para uma fogueira que não vimos...
Outros, jogando frescobol ou tomando chimarrão...
E ainda aqueles que simplesmente fecharam os olhos e aspiraram aquela atmosfera, colocando lentamente o momento para dentro de si.
O retorno sem querer retornar.
Mas o tempo passava, e passava.
A noite nos engolia e, com ela, os compromissos de cada um de nós.
Passou.
Existiu.
Ficou impresso.
O tempo devidamente vivido e registrado com fotos, vídeos e essas palavras.
Ainda não cobrado com a moeda inventada pelo homem.
Mas devidamente pago em emoção e sensações...

texto e imagens: Cláu