segunda-feira, 23 de novembro de 2009

TEMPO TATTOO, realizado em 21/11/2009

Chegar.
15h do dia 21/11/2009, sábado.
Tempo nublado, calor.
...O voar do tempo, eternizado na pele, através de um fragmento de música...
Escrever...


Testar letras...
Recortar...
O texto, a palavra, o símbolo, o significado, pra sempre na pele, no corpo, em mim.








16h02min
Pólen, transformando o original em carimbo pra pele... Das minhas mãos para as mãos dela... A criação compartilhada...



A nuca, tela em branco, pela última vez...



Delimitando, medindo, posicionando, marcando...











Carimbo... O esboço.









Ora eu, ora o Beto registra as imagens do entorno...










Preparando o material...




















Pele marcada, pronta para a arte final.

























16h30min...
O primeiro traço...












Dor...





























Sentir...









































































A tinta escorrendo no corpo...











Tempo hoje, o momento, o presente...










Limpar...













Criador e criatura se encaram pela primeira vez...











Ainda em alto relevo...





Fim: 17h20min.










O primeiro olhar no espelho...

















Emoção...


















Performers...










17h31...
Ir embora...



























clique nas fotos para ampliar


Fotos: Beto Chedid e Cláu Paranhos
Vídeo: Beto Chedid
Desenho da tattoo: Cláu Paranhos
Tattoo: Pólen Sato
Fragmento de música: Tempos Modernos, Lulu Santos

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

CARPE DIEM!!!!!

Carpe Diem é uma frase em Latim de um poema de Horacio, e é popularmente traduzida para colha o dia ou aproveite o momento. É também utilizado como uma expressão para solicitar que se evite gastar o tempo com coisas inúteis ou como uma justificativa para o prazer imediato, sem medo do futuro.
CARPE DIEM!!!!!

AGENDADO TEMPO TATTOO

Eu e Pólen Sato, artista, tatuadora.

Sábado, 21/11/2009.

Às 15h.

A minha pele será marcada, pra sempre, por este trabalho.

Cláu

domingo, 15 de novembro de 2009

tempo de uma negociação

--- Em seg, 12/10/09, C.L.P. escreveu:

Solicito orçamento para acompanhar a vó da minha esposa por umas 03 horas, incluindo jantar, bem como para ensiná-la a usar a internet.
Possivelmente para a última semana de outubro.
A casa dela fica na ...
Obrigado, C.

--- Em qua, 14 Oct 2009, 07:49:31, Cow Bees escreveu:

Olá, C.!
O projeto VENDO MEU TEMPO agradece o teu contato!
Gostamos muito da idéia de passar 3 horas das nossas vidas com a vó da tua esposa!
Tendo em vista nosso prazer pessoal, o jantar oferecido, e a atividade como "professores", calculamos a nossa hora em ... (valor mantido em sigilo)
Assim, as três horas custariam ...
Nossa disponibilidade para as noites da última semana de outubro são os dias: 26 (segunda) ou 28 (quarta).
No caso de preferires o final de semana, ainda temos os dias: 24 e 25 (sábado e domingo).
Seguimos à disposição para quaisquer outras questões!
Um abraço!
Cláu Paranhos e Beto Chedid

--- Em qua, 14/10/09, C.L.P. escreveu:

Ótimo, Vamos fechar negócio.
Precisamos apenas acertar a data.
Gostei do dia 28/10. Preciso ver se ela estará aqui (está passando uma temporada com a filha em Santa Cruz).
Alguma possibilidade na primeira semana de novembro?
Abraços, C.


--- Date: Wed, 14 Oct 2009 17:01:49 -From: Cow Bees

Certo!

Na primeira semana de Novembro, temos disponibilidade do dia 05 (quinta) a 08 (domingo).
Aguardamos tua confirmação para agendarmos e tratarmos os detalhes!
Um abraço!
Cláu Paranhos e Beto Chedid

--- Em sab, 07/11/09, C.L.P. escreveu:

Olha, consultando o pessoal da família, acho que a idéia da internet pode não ser a melhor.
Mas insisto em uma visita, quem sabe uma conversa e algums músicas?
Regado a chá?
Como vocês estão para esta semana?
Abraço, C.

--- Em dom, 15/11/09, Cow Bees escreveu:

Olá, C!

Desculpa a demora em responder! Estivemos sem TEMPO essa semana...!

Um chá musical seria muito interessante! E, se quiserem ficar pra assistir, juntamente com tua vó, será um prazer.

Realmente, internet requer um tempo maior para absorver... Não que essa possibilidade não possa ficar para um outro momento... Quem sabe?

O sábado, dia 21, à tardinha ou noite, como é pra vocês?

Um grande abraço!

Cláu Paranhos e Beto Chedid

proposta/humor

"Olá.
Gostaria de comprar uma parte do tempo de vcs.
Será que tem disponibilidade no período de 25/12 a 05/01/10, tempo integral?
Desde já, agradeço.
Atenciosamente,
G.
rsrsrsrs"


“Ludus est necessarius ad conversationem humanae vitae.” – “O humor é necessário para a vida humana.” (S. Tomás de Aquino)
Da mesma maneira que o sono está para o repouso do corpo, o humor está para o repouso da alma.

Olá!

Infelizmente não temos disponibilidade para este período.
Há algum interesse em um outro TEMPO?

Gratos pelo contato!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Onde foi parar o TEMPO que nós ganhamos?


Havia mais terrenos baldios e menos canais de televisão. Mais cachorros vadios e menos carros na rua. Havia carroças na rua. E carroceiros fazendo o pregão dos legumes. E mascates batendo de porta em porta. E mendigos pedindo pão velho.
A Velha (ou o Velho) do Saco assustava as crianças. O saco era de estopa. Não havia sacos plásticos, levávamos sacolas de palha para o supermercado. E cascos vazios para trocar por garrafas cheias. Refrigerante era caro. Só tomávamos no fim de semana. As latas de cerveja eram de lata mesmo, não eram de alumínio. Leite vinha num saco. Ou então o leiteiro entregava em casa, em garrafas de vidro. Cozinhava-se com banha de porco. Toda dona-de-casa tinha uma lata de banha debaixo da pia. E ninguém tinha problemas com colesterol.
O barbeador era de metal e a lâmina era trocada de vez em quando. Mas só a lâmina. As camas tinham suporte para mosquiteiro. As casas tinham quintais. Os quintais tinham sempre uma laranjeira, ou uma pereira, ou um pessegueiro. Comíamos fruta no pé. Minha vó tinha fogão a lenha e compotas caseiras abarrotando a despensa. E chimia de abóbora, e uvada, e pão de casa.
Meu pai tinha um amigo que fumava palheiro. Era comum fumar palheiro na cidade; tinha-se mais tempo para picar fumo. Fumo vinha em rolo e cheirava bem. O café passava pelo coador de pano. As ruas cheiravam a café. Chaleira apitava. O que há com as chaleiras de hoje que não apitam? As lojas de discos vendiam long plays e fitas K7. Supimpa era ter um três-em-um: toca-disco, toca-fita e rádio AM (não havia FM). Dizia-se “supimpa”, que significa “bacana”. Pois é, dizia-se “bacana”, saca? Os telefones tinham disco. Discava-se para alguém. Depois, punha-se o aparelho no gancho. Telefone tinha gancho. E fio.
As roupas eram lavadas no tanque, a mão, e penduradas na cerca, nos pátios das casas para secar. Não havia máquinas de lavar. O ferro era com água quente. Não havia ferro elétrico ou a vapor. Também não havia cafeteiras. O almoço e a janta eram feitos no fogão, em grandes panelas. Não havia microondas para esquentar o congelado em 15 segundos.
As mães e avós tinham tempo para cozinhar, lavar, limpar, varrer, e ainda fazer bolos à tarde e contar histórias. Bordavam, costuravam e conversavam na venda com as vizinhas, enquanto anotavam o valor das compras em um caderno. Não havia cartões de crédito e as pessoas se conheciam.
Se o seu filho estivesse no quarto dele e você no seu escritório, você dava um berro pra chamar o guri, em vez de mandar um e-mail ou um recado pelo MSN. Estou falando de outro milênio, é verdade. Mas o século passado foi ontem! Isso tudo acontecia há apenas 20 ou 25 anos, não mais do que o espaço de uma geração. A vida ficou muito melhor. Tudo era mais demorado, mais difícil, mais trabalhoso. Então por que engolimos o almoço? Então por que estamos sempre atrasados? Então por que ninguém mais bota cadeiras na calçada? Por que temos toda essa pressa constante?
Alguém pode me explicar onde foi parar o tempo que ganhamos?
( autor desconhecido )
Colaboração por e-mail, de Luciana Hahn Brum.

sábado, 7 de novembro de 2009

Por que viver deprimido? por Donaldo Schüler

Reproduzo abaixo o artigo do querido Donaldo que, por força das coincidências da vida, veio a escrever sobre a brilhante apresentação de Maria Rita Kehl, cujo artigo pode ser lido alguns posts abaixo, e que falava do tempo... E, como se não bastasse a reflexão desta, deparo-me com essas palavras de Donaldo que me enchem de poesia e me fazem acreditar que não estamos sozinhos.
Obrigada, Donaldo.

Cláu



JORNAL ZERO HORA
01 de novembro de 2009 | N° 16142

Por que viver deprimido?

por Donaldo Schüler

Maria Rita Kehl nos brindou com uma bela exposição na noite de 26 de outubro no Fronteiras Braskem do Pensamento. Ali, vendo-a falar, me deu vontade de conversar com ela, porque ela discorre sobre coisas que nos interessam: depressão, tempo, vazio, medicamentos, droga...

Nem todos os conflitos originam-se da relação pai-mãe-filho. Ouça-se Deleuze! Pelo viés do Outro, Maria Rita ultrapassa o conflito familiar. No Outro cabe tudo o que está acima do outro (cada um de nós). O Outro abarca Deus, Deuses, Bem, Lei, Pai, Mãe, Mulher, Falo, Vazio, a Opinião pública, o A-gente heideggeriano, Bullying, Velocidade, Riqueza... Houve época em que o Outro abarcava conceitos fixos, essências: Ser, Deus, Bem, Justiça, Amor, Lei... Porque tudo já estava feito, havia pouco a fazer. Ao longo dos séculos, o que era fixo se diluiu, o sólido virou líquido, a lei se converteu em princípios morais opressivos. O Outro (O Capital, por exemplo) nos faz exigências que nos deprimem. Se tempo é dinheiro, bom é aquilo que se pode comprar. Como as ofertas do mercado ultrapassam em muito nossa capacidade de consumir, caímos em depressão. Da depressão, recursos mágicos (dinheiro, medicamentos ou drogas) não nos redimem.

Maria Rita nos propõe outro caminho. Em lugar de nos orientarmos pelo princípio de que tempo é dinheiro, suponhamos que tempo seja a construção de nós mesmos. Se é assim, o vazio em nós, em torno de nós (outros), acima de nós (Outro) pode entristecer-nos, como pode chamar-nos a atuar. Quando? Quando não somos oprimidos pela necessidade (trabalhar para ganhar dinheiro), nem pela velocidade, nem por obrigações para ontem. O ócio, consumido pelo negócio, não é perda de tempo. Já dizia Drummond: “Ganhei, perdi meu dia”. Dia perdido para o mundo dos negócios pode ser dia ganho para nós mesmos. Não delimitemos o dia da construção de nós mesmos ao nascer e ao desaparecer do sol, o dia de trabalho dedicado a nossa própria edificação dura a vida inteira.

O tempo de Maria Rita é o agostiniano, o da espera ou o bergsoniano, o da duração. Aqui entramos no território da ética. Viver eticamente não significa submeter-se a padrões impostos pela tradição. A tradição nos esmaga quando a arrastamos à maneira de um peso morto. Soa-nos aos ouvidos a palavra de Stephen Dedalus (um escritor inventado por James Joyce): “A história é um pesadelo do qual tento me libertar”. A história só não é pesadelo se a repensamos e a reinventamos. Se somos capazes de reconstruir, com fragmentos recolhidos de outros tempos, vivemos eticamente. Ética e poética se confundem. A poetização da vida começa na construção de nós mesmos, aliados a outros construtores.

Além do outro, abre-se o espaço do Outro. O outro é limitado, o Outro é infinito. Se cruzamos os braços, o Outro nos esmaga. Se arregaçamos as mangas, o Outro nos oferece rotas imprevistas, múltiplas, infinitas. Os que vivem eticamente movem-se com os outros em direção ao Outro. Se não fizermos diferença entre os outros e o Outro, desaparecemos sufocados entre as quatro paredes a que nós próprios nos condenamos.

Se a distância que nos separa do Outro deprime, a depressão é o ponto de partida para grandes realizações. Em lugar da depressão, a arquitetura. Para os que vivem eticamente, a inutilidade é ganho. Inútil é a arte, o brinquedo, o canto, a dança, o escrever, o falar. No saber aproveitar a riqueza do inútil cotidiano reside o saber viver.

Um homem que soube viver eticamente foi Machado de Assis, pessoa de parcos recursos que poderia ter morrido no sem-sabor do emprego público. Revisitemos as últimas palavras de Brás Cubas, o das Memórias Póstumas. Declara a personagem que, por não ter tido filhos, não deixou a ninguém o legado de suas misérias. Brás Cubas, em lugar de entregar-se aniquilado a uma morte anônima, dedica as Memórias ao primeiro verme que devorou sua carne. É o triunfo da palavra, da arte, da invenção sobre a extinção. O mesmo Machado escreve o Instinto de Nacionalidade, ensaio memorável em que o ficcionista propõe que troquemos modelos do passado pela construção do futuro. Mais Machado e menos Prozac, além de outras descobertas maravilhosas como Zoloft, Cipramil e Luvox, medicamentos seguros, capazes de produzir relaxamento em pessoas sem patologia, deixando-nos despreocupados, tranquilos, sem irritação, sem estresse, felizes, massificados, inúteis.

o tempo agora


13h25min
sábado
22,6 graus
ainda é de manhã aqui em casa
sentados em frente à tela do computador
eu teclo
beto toca seu mais novo refrão
que possivelmente será nossa nova música
e chove
rodeados por quatro janelas vemos o céu cinza de porto alegre
venta
um vento frio nas nossas costas
registro aqui o tempo do agora