Público: ..."Vale pedir que vocês façam as compras no supermercado pra mim?"
Cow Bees: Sim, a partir do momento em que o espectador adquire o tempo, será negociado de que forma este tempo será utilizado. É evidente que não nos exporemos a nada que possa nos ferir (externamente ou interiormente) e, portanto, haverá uma negociação anterior à realização da proposta. Ir ao supermercado é uma ótima idéia, que realizaríamos sem problema!
P: ..."Mas, se a questão é a falta de tempo, quando a pessoa compra o tempo de vocês, ela não estaria perdendo o próprio tempo?"C: Do nosso ponto de vista, não. Porque este tempo estará sendo usado para a criação de uma obra de arte. A pessoa que se propõe pintar um quadro não considera que está perdendo o seu tempo. O mesmo se dá ao realizar uma obra contemporânea, como a VENDO MEU TEMPO. A pessoa estará transformando um momento da sua vida em obra de arte, que será vivido e registrado como tal e, portanto, eternizado. O momento como obra de arte, a vida como obra, a valorização do próprio tempo.
P: ..."O preço da hora é fixo ou negociável?"
C: VENDO MEU TEMPO é uma obra aberta, em eterna construção, assim como foi, por exemplo, a nossa obra LAR DOCE LAR (http://www.diariolardocelar.blogspot.com/). Quando entramos naquela "jaula" não tínhamos idéia do que poderia acontecer. O valor do nosso tempo também é uma coisa a pensar, a negociar com o comprador. Isso será bastante difícil, porque somos artistas, e não vendedores. No entanto, estamos nos propondo a isso. É um desafio. Pensamos que, por exemplo, se o comprador quer sair para jantar num restaurante muito caro, é natural que este tempo será mais caro do que ir passear no parque. Porque precisaremos cobrir a nossa despesa. Tudo terá que ser negociado.
P: ..."E, se ninguém comprar o tempo? A obra não existe?"
C: Existe. A obra existe a partir do momento em que a criamos. Se está havendo uma reflexão, uma discussão, um painel de 2x2m no meio de um Shopping (no caso, o Moinhos Shopping), onde pessoas circulam e lêem: VENDO MEU TEMPO, vêem no jornal, pegam os panfletos espalhados pela cidade, pensam, ainda que por um segundo, a obra já existe. O que configura a obra não é somente a venda do tempo, ainda que esta venda vá tornar a obra ainda mais interessante.
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